quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Avaliações, as malditas

Ninguém gosta de ser avaliado, a começar pelos alunos. Se nós questionamos modelos de avaliação, eles também o fazem. Tem a sua lógica, no entanto, no caso dos alunos, quando os critérios são claros, divulgados, explicados; quando a avaliação é transparente e rigorosamente feita com mil grelhas de observação,etc.já não tem lógica contestar o incontestável.De facto, os alunos têm de saber aceitar as regras, os critérios e, um dia, quando quiserem entrar na faculdade as «quotas», pois, os famosos numeros clausus são quotas e nem todos têm o mesmo destino e os melhores entrarão nas melhores faculdades. Assim, é preciso saber aceitar as diferenças; aceitar que há alunos melhores do que outros. Eu sei que não é fácil, mas é a realidade.

Fartei-me de avaliações. Fartei-me de trabalhar. Fartei-me também da escola. Sim, neste momento, também dos alunos. Eles devem sentir o mesmo em relação a nós.Fartei-me de os colocar sempre à frente de tudo (os meus interesses pessoais, a minha tese por escrever), e todos (a família, os pais, já não há amigos...), fartei-me de ver 2testes por turma, contratos de leitura, compreensões orais; composições, textos críticos e resumos. Fartei-me de avaliar fotobiografias espectaculares, 130 expressões orais, trabalhos em grupo e mais? Ah, relatórios individuais, projectos, mil mails, entrevistas, cartas e mais, mais, mais.Fartei-me de não ter um fim de semana normal, como qualquer trabalhador merece, fartei-me dos filmes que não vi, dos parques onde não estive, das compras que não fiz,mas principalmente fartei-me do egoísmo dos alunos em tempos de avaliação. Da sua arrogância, prepotência e falta de humildade. Fartei-me de ser apenas usada como transmissora de saberes e de classificações e de sentir que agora que o primeiro período acabou, numa turma de 28, só ouvi 2 «feliz Natal». Fartei-me e até ao dia 5 de Janeiro quero ser apenas: mãe, mulher e escritora. Não me falem em escola. Fartei-me.
Pim (como dizia o meu querido Almada Negreiros, no seu «Manifesto Anti- Dantas»). Pim.
E se este texto tiver erros, não me interessa.Pim

2 comentários:

Triste Realidade disse...

Deu-me uma certa angústia ao pensar que por vezes posso ser injusta com professores e que a vida deles não é tão facilitada como por vezes pensamos, afinal não passam de simples pessoas com sentimentos tal como nós e com uma vida tão ou mais complicada que a nossa.
Apesar de ter sempre a precaução de não o ser, pois gosto de ser sempre correcta e respeitar os outros independentemente de ser a, b ou c.
Desde já peço imensa desculpa se fui uma dos 26 que não lhe desejou um «Feliz Natal» sinceramente não me recordo e se o fiz juro que foi sem querer, sem qualquer intenção, pois desejo-lhe como a toda a gente um Feliz Natal e que aproveite esta quadra para dedicar-se aquilo que se afastou "a família, os pais, já não há amigos..." pois nunca é tarde demais para recuperarmos as coisas boas da vida e que mais felicidade nos trazem.

Pensei várias vezes se havia de enviar algo ou não, não sei se é correcto, mas não resisti deu-me um enorme sufoco depois de ler este texto, apesar de achar que não me incluo nele não suporto este tipo de coisas porque para mim professor não é apenas aquele que ensina.

E como dizia no ano passado no meu diário de leitura sobre A criança que não queria falar de Torey Hayden:

(...) Esta é assim uma história verídica de uma criança que encontra uma espectacular professora, e é uma relação que gera fortes laços de afecto entre ambas, e eu ACREDITO nisto, neste envolvimento pessoal entre professores e alunos, com eles passamos muito do nosso tempo, tornam-se mais do que transmissores de informação, tornam-se cúmplices do nosso desenvolvimento, tornam-se numa pessoa amiga. E os estudantes para crescerem têm que aprender a lidar com as variadas situações e pessoas, apesar de Bruner, investigador em psicologia, dizer que há professores que nos deixam boas memórias e essas imagens são-nos preciosas e outros são autênticos matadores de sonhos.


Boas férias, beijinhos - Renata

prof.essa disse...

Olá Renata,
obrigada pelas tuas palavras.É claro que os alunos espectaculares estão em maior número.Tu pertences a este grupo.Tens razão quando dizes que passam muito tempo connosco.
As relações passam necessariamente pela afectividade, sabemos o quão importante é para a aprendizagem e envolvimento dos jovens. No entanto, vocês ainda são adolescentes e estão a aprender a saber ouvir, saber dizer, enfim, é para vos ensinar, dar valores e formação que nós existimos. Por muito que nos custe, temos de saber aceitar as vossas diferenças, afinal, não fazemos milagres, apenas contribuimos um pouco para a vossa educação.
Hoje foi um dia muito bom e a vontade de continuar voltou. A vida é assim. Nada perfeita, mas com dias bons e dias maus e outros que nem nos marcam e nos deixam indiferentes.
Bem, vou ver mais um relatório do nosso engripado A.Pesca que regressou hoje à escola. E eu que pensava que já estava despachada de avaliações.
Bjs, e um bom Natal