sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

SMSs de Natal

Amiguinhos,
este espaço tem andado muito desprezado e a culpa é toda minha.
Este primeiro período foi desgastante mas positivo.
Este ano tenho uma turma fantástica de AP e os trabalhos que estão a desenvolver têm muita qualidade.
Mais uma vez fartei-me de ver testes e fiquei com a sensação e a certeza de que a minha vida se resume a isto: fazer e ver testes durante os fins de semana, feriados e tempos livres.
Assim,não houve tempo de qualidade para comprar as prendas para o pessoal. Soa a desculpa mal cozinhada, mas é a verdade.
Agora sinto o vazio da paragem lectiva.
Papel para arquivar, livros para ler para os próximos contratos de leitura, reler Memorial do Convento e a consciência de que a paragem só serve para me stressar, afinal, por que não consigo ser como Caeiro e viver o presente sem pensar em mais nada? Afinal, parece que não aprendo nada com o que ensino... é noite de Natal e eu a falar de mim, da escola, dos testes. Que vidinha triste.
Agora compreendem se vos disser que invejo frequentemente a vidinha feliz que o meu peixinho vermelho tem, pelo menos a esta hora já descansa tranquilo no fundo do aquário e eu ainda tenho de ir dar as prendinhas arranjadas à pressa ao pessoal...
A nossa vidinha pode ser o que nós quisermos...mesmo com prendinhas tolas e desajeitadas o que interessa é a gozar o momento da partilha...
Por isso, partilho convosco,com os que me seguem, os meus «amiguinhos», os desejos de: um bom Natal.
um futuro mais positivo.
um ano 2011 melhor.

Um bom Natal para todos.

domingo, 31 de outubro de 2010

Milagrário Pessoal de José Eduardo Agualusa



Amiguinhos,
apesar de estar a trabalhar como «uma danada»( o Caeiro que me perdoe, pois lembrei-me do verso «vi como um danado»)e sem parar desde ontem (posso fazer a listinha, mas «who cares!!!»), consegui terminar o último livro de Agualusa, Milagrário Pessoal. Confesso que quando li As Mulheres de Meu Pai,(2007) fiquei um pouco descontente e o meu apego às obras de Mia Couto aumentou, por comparação ( uma dedicação exagerada,confesso. Após a leitura de quase toda a sua obra em busca de um tema para a minha tese...,neste momento a sua escrita já não me atrai e não consigo sequer pegar em novos romances...).
Agualusa apareceu por acaso, este ano, como tinha aparecido, por acaso, há alguns anos atrás , quando uma colega o convidou para vir à nossa escola (penso que até aceitou, mas não estava no país quando fizemos o encontro de escritores.) Este ano, o seu livro apareceu na lista de sugestões de leitura para o 12º ano e, neste momento, recomendo-o vivamente aos meus alunos. Em quase todas as aulas lá levo o livrinho para ler uma passagem e incentivar à sua leitura.
Já há algum tempo que não lia com tanto prazer. Penso que depois de entregar a tese, perdi o gosto pela leitura que reencontrei agora, com o Milagrário Pessoal. Apreciei a linguagem viva do autor,assim como as referências que nos vai dando de obras que conheço ou que quero consultar. A intriga do romance gira em torno de uma misteriosa lista de palavras novas (neologismos) e adensa-se o seu mistério com o Professor e Iara em busca de respostas, quase ao jeito de uma dupla romântica impossível (pela distância de idades, mas muito sensual...) Houve momentos em que pensei estar perante uma dinâmica que encontrara em Dan Brown e O Código Da Vinci. Quanto ao final...uma surpresa que não revelo, claro,pois o objectivo é que leiam o livro.


Sinopse (da editora): Iara, jovem linguista portuguesa, faz uma incrível descoberta: alguém, ou alguma coisa, está a subverter a nossa língua, a nível global, de forma insidiosa, porém avassaladora e irremediável. Milagrário Pessoal, o novo livro do autor, é um romance de amor e, ao mesmo tempo, uma viagem através da história da língua portuguesa, das suas origens à actualidade, percorrendo os diferentes territórios aos quais a mesma se vem afeiçoando.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Ora toma lá, QUE É PARA APRENDERES




Queridos,
só me apetece utilizar as palavras do nosso querido Almada Negreiros, ADAPTADAS AOS NOSSOS TEMPOS:

«CONTINUE O SENHOR DANTAS A ESCREVER ASSIM QUE HÁ-DE GANHAR MUITO CO'O ALCUFURADO E HÁ-DE VER, QUE AINDA APANHA UMA ESTÁTUA DE PRATA POR UM OURIVES DO PORTO, E UMA EXPOSIÇÃO DAS MAQUETES P'RÓ SEU MONUMENTO ERECTO POR SUBSCRIÇAO NACIONAL DO SÉCULO A FAVOR DOS FERIDOS DA GUERRA, E A PRAÇA DE CAMÕES MUDADA EM PRAÇA DO DR. JULIO DANTAS, E COM FESTAS DA CIDADE P'LOS ANNIVERSÁRIOS, E SABONETES EM CONTA «JULIO DANTAS» E PASTAS DANTAS P'RÓS DENTES, E GRAXA DANTAS P'RÁS BOTAS, E NIVEINA DANTAS, E COMPRIMIDOS DANTAS E AUTOCLISMOS (...)

E FIQUE SABENDO O DANTAS QUE SE TODOS FÔSSEM COMO EU, HAVERIA TAES MUNIÇÕES DE MANGUITOS QUE LEVARIAM DOIS SÉCULOS A GASTAR.(...)

PORTUGAL QUE COM TODOS ESTES SENHORES, CONSEGUIU A CLASSIFICAÇÃO DO PAIZ MAIS ATRAZADO DA EUROPA E DE TODO OMUNDO! O PAIZ MAIS SELVAGEM DE TODAS AS ÁFRICAS! O EXILIO DOS DEGRADADOS E DOS INDIFERENTES! A AFRICA RECLUSA DOS EUROPEUS! O ENTULHO DAS DESVANTAGENS E DOS SOBEJOS! PORTUGAL INTEIRO HA-DE ABRIR OS OLHOS UM DIA - SE É QUE A SUA CEGUEIRA NÃO É INCURÁVEL E ENTÃO GRITARÁ COMMIGO, A MEU LADO, A NECESSIDADE QUE PORTUGAL TEM DE SER QUALQUER COISA DE ASSEADO!»

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Natália e o Sacristão





«A Última Loucura de Natália»

Era uma vez uma rapariga chamada Natália. Enquanto adolescente, a loucura fazia parte do seu comportamento diário: nas piadas que contava, na atitude de desafio que manifestava perante os que a confrontavam e no seu relacionamento com o sexo oposto. Natália era assim. Metade doida, metade amorosa. No entanto, a sua generosidade, aliada a uma beleza excepcional, fazia dela a amiga que todas queriam ter e Marcolina adorava-a.

Ao remexer os seus caderninhos de apontamentos, Marcolina encontrou a última carta que Natália lhe escrevera há muito tempo atrás. Fora a sua última carta e Marcolina tinha sido a sua confidente. Lembrava-se ainda do impacto que as suas palavras tiveram em si e do quão chocada ficara com o seu conteúdo.

As loucuras de Natália tinham sido quase todas partilhadas consigo. Sim, Natália tivera a vida que Marcolina abdicara quando entrou para o ensino e se tornou na Marcolina, a Virgolina. Esta era a alcunha dada pelos seus alunos, um tributo ao seu fervor pela correcção ortográfica, ou seja, um investimento emocional que Marcolina agora lamentava face ao novo acordo ortográfico e ao facto de ter tido tantas preocupações durante tantos anos para ter de reaprender a escrever de acordo com as regras que alguém inventara e que apareciam para baralhar a pobre Marcolina, e mais umas quantas professoras à beira de um ataque de nervos. De facto, apesar de Marcolina ainda estar à espera da reforma, esta enfrentava a sua profissão sem o rigor e o empenhamento de outrora, numa atitude que se pautava pela indiferença manifestada na sua famosa expressão «deixa andar, quero lá saber».

Foi com prazer que Marcolina releu aquela carta tão bem escrita, sem erros de sintaxe ou ortográficos, os acentos correctamente colocados e as virgulas que expressavam perfeitamente o estado de espírito de Natália quando as colocara naquele papel ainda perfumado, há mais de quarenta anos, e Marcolina não conteve as lágrimas. Em silêncio, rezou um pai nosso e pediu a Deus que Natália estivesse bem acompanhada e em paz. Decidiu também que a sua história merecia ser divulgada e pegou no seu estojo preferido, retirou uma caneta azul para começar a escrever um texto baseado na última carta de Natália.

Marcolina levou algum tempo a pensar nos vários tipos de texto que poderia escrever: a poesia não era o seu forte e decidiu-se pela prosa. Começaria por escrever um conto e quem sabe se conseguiria desenvolvê-lo e escrever um romance… e a imaginação de Marcolina iniciou o processo de contar na terceira pessoa o que tinha acontecido, na primeira, a Natália, naquela que decidiu chamar «A Última Loucura de Natália». O título estava lançado. Agora só tinha de pensar no resto e Marcolina passou ao acto criativo tão presente na mente das escritoras da moda que escrevem com vidência os pensamentos e os segredos de grandes rainhas e princesas de Portugal. A ideia de também ela se tornar numa escritora famosa de biografias romanceadas, ou de biografias não autorizadas, agradou-lhe. Decidida, envolveu-se no fervor da imaginação e da escrita e terminou o seu texto.Determinada a ser conhecida e famosa, optou por se estrear no meu modesto e simples blog e de proporcionar aos meus queridos visitantes o texto que, e citando a própria Marcolina, «a irá lançar directamente para as «Tardes de Júlia» onde poderá eternizar a memória da sua querida amiga Natália».


Mais se informa que os últimos dias de férias serão utilizados apenas para a revisão gráfica de seu texto e respectiva publicação em pequenos capítulos. Para manter a emoção!!!!

Capitulo I
Sentada na sua pequena cama, naquele quarto minúsculo e parcamente decorado, Natália lembrava o seu passado com amargura. Todos os dias encontrava tempo para ali se sentar e pensar nas loucuras da sua vida; principalmente na sua última.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Vem mesmo a propósito...

Vem mesmo a propósito a imagem que encontrei num blog que costumo ler:

sábado, 24 de abril de 2010

Ainda os blogs!!!

Dei por mim a pensar numa crónica que li há algum tempo na qual se anunciava a morte dos blogs. De facto, parece haver tantos interesses na «atmosfera virtual» que me fazem concordar com o autor da crónica. Confesso que me mantenho fiel ao blog. Facebook, hi5 e etc. não me seduzem. Não gosto de tirar fotos minhas e nem pensar «publicá-las» no espaço virtual. Mostrar os filhos também não me agrada. Assim, prefiro nem pensar em me inscrever nestes espaços e continuar com o blog. Confesso também que quando o meu «contador» deixou de me mostrar quantos visitantes este espaço tinha, perdi o interesse pelo blog. Afinal, escrevemos para quem conhecemos e desconhecemos e quando sabemos quantos nos visitam, sentimos vontade de continuar. Também já aqui reflecti sobre a estranheza de, muitas vezes,termos «seguidores» que desconhecemos, mas com quem «falamos» e contamos as nossas aventuras e pequenas desgraças. No entanto, não são meus «amigos», apenas visitantes e o distanciamento agrada-me. Confesso que não conseguiria adicionar «amigos» que desconheço no meu eventual «facebook» . É que a palavra «amigo» é muito complexa e já senti na pele o que são os falsos amigos, e isto quando pensei conhecê-los durante alguns anos e vários momentos de verdadeira «amizade». HUm...afinal prefiro o blog. E com o novo contador a funcionar, ainda fiquei mais motivada para escrever neste espaço. Escrever para os meus seguidores e visitantes!
Cumprimentos para quem me visita e até breve.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Blogs que eu leio

Não resisto a partilhar um blog que considero espectacular, até porque gosto de fotos antigas:

http://memoriacomhistoria.blogspot.com/

E claro http://ninguemle.org/page/2/ que acompanho regularmente.

terça-feira, 9 de março de 2010

O dia

Ontem foi o dia. O dia da minha defesa.O dia da mulher. O dia da grande chuvada.O dia.Por coincidência a minha tese falava sobre mulheres.Mulheres medievais. Quem se interessa?Tão distantes no tempo, mas , e como me perguntaram ontem, será que as mentalidades mudaram assim tanto??? Deixo um pedacinho de um texto medieval no qual o seu autor faz o retrato negativo da mulher. Será assim tão distante???Um exagero? Hum...será??




«Nom tam solamente a familiaridade e companhia de qualquer molher é perigosa, mas ainda da molher própria com que homem é casado é grande encargo e grande perigo. »

«Que outra cousa é a molher senom inmiiga da amizade e pena a que nom podem escapar, mal necessário, temptaçom natural, maa ventura desejada, perigo domestico, perdimento delectoso, natura de mal pintada com color de bem? Ergo, se pecado é leixar homem sua molher, tee-la verdadeiramente é tormento.»

«pela fremusura das molheres cairom muitos e desto, convém a saber, da vista e da fremusura da molher que o homem vee, acende-se e arde mui fortemente em maa cobiiça assi come fogo.»

«Solamente a molher nom a mostram, por tal que nom despraza ao marido ante que case com ela. E, depois que a tem, se a apertar e a guardar per qualquer maneira, cae em odeo dela. Se a leixar per sua voontade cae em perigo.

Horto do Esposo

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Vem aí a defesa...ou o elogio da loucura

Pois é!Contra todas a s dificuldades que o Destino me colocou.Consegui contrariá-lo quando tudo indicava que teria de desistir para me dedicar a quem mais precisava, mas consegui. Não é sempre que se consegue contrariar o Destino e sinto que lhe troquei as voltas. Vem aí a defesa. Será em breve. Depois contarei e se puder oferecerei a tese ao mundo. Foram 212 páginas que me sabem a vitória (independentemente do resultado, quero lá saber!!) e que também significaram muitos sacrifícios para toda a família.Fica a sensação de que consegui testar os meus limites, ou «esticar a corda», como se diz,e a certeza de que conseguimos aguentar mais do que pensamos.Basta de auto-elogios.Aqui vai o nome:


Pecados de Mulheres - A Cosmovisão Medieval: das Constituições Sinodais e Livros de Penitenciais ao Horto do Esposo e Contos Populares e Lendas, Coligidos por José Leite de Vasconcellos.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Ainda as obras e as quedas

No outro dia, dei por mim a falar da minha escola,nomeadamnete das eternas obras e das quedas e acidentes que entretanto têm ocorrido, mas confesso que o fiz com a sensação de alívio por não pertencer à lista dos que têm por lá caído. Ups, lá se foi a sensação de ser apenas espectadora e passei a personagem. Digamos que o filmezinho foi quase de terror. Visualizem rampas de acesso para deficientes que se desloquem em cadeiras de rodas. Tudo bem, são óptimas para quem já vai tendo algumas dores nas articulações e até dá jeito não ter de levantar o pé e subir as escadas. Agora imaginem que o único acesso ao único bloco que funciona com quase tudo o que tu precisas numa escola já não tem degraus, mas apenas uma rampa de acesso para deficientes. Agora, imagina-a «forrada» com azulejos tipicamente para salões de jantar, com florões e relevos e principalmente com brilho. Sim, brilho que com a água da chuva os torna em apetitosas armadilhas para trambolhões e ossos partidos. Pois é o que acontece em todas as rampas da minha escola. Lindos azulejos que provocam escorregadelas fenomenais. E nem os famosos ténis me salvaram quando, num dia de chuva, carregada como uma prof. de carga, escorreguei nos famosos e lindos florões e quase, mas por um triz, ou uma unha negra, vi o meu rabiosque a bater com toda a violência no chão. Não teria tido salvação. Agora estaria no mínimo com algumas vértebras partidas. Foi um anjinho que me salvou. Só pode ter sido. A partir desse dia passei a respeitar os «anjos da guarda». O meu equilibrou-me no último derradeiro segundo em que pressenti a violência da queda e vi a minha vidinha ainda mais deprimente com algum ossinho a menos...
Estou deveras preocupada. Aquelas obras não parecem ter fim. A escola está deprimente. Os barracões são arcas frigoríficas ao primeiro tempo da manhã. A humidade anda no ar e a chuva molha-nos em todos os intervalos. Neste momento,só para não me deslocar diariamente para os barracões, a ideia de ficar em casa a curar o ossinho fracturado até se apresenta deprimentemente interessante. Hum... malditas obras. Hum...maldita humidade...maldita vidinha triste...Hum...maldita