segunda-feira, 31 de março de 2008

Actividade para o 10º ano

Olá turmas do 10º ano.

Estamos a estudar a poesia do século XX e, em particular, os poemas da poetisa Florbela Espanca.Experimentem ler os poemas que aqui coloquei ao som de Chopin ( o compositor preferido de Florbela Espanca, aqui executado por Yundi Li). Vá lá, de certeza que, por uns momentos, serão capazes de apreciar a palavra associada ao som, o som que Florbela ouvia.

Deixem os vossos comentários acerca dos poemas que leram, do som que ouviram, enfim, partilhem as vossas impressões de leitura.
Fico à vossa espera.

Estudo dos Poetas do século XX - Florbela Espanca



Eu ...


Eu sou a que no mundo anda perdida,
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do Sonho, e desta sorte
Sou a crucificada ... a dolorida ...

Sombra de névoa ténue e esvaecida,
E que o destino amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre incompreendida!...

Sou aquela que passa e ninguém vê...
Sou a que chamam triste sem o ser...
Sou a que chora sem saber porquê...

Sou talvez a visão que Alguém sonhou,
Alguém que veio ao mundo pra me ver,
E que nunca na vida me encontrou


Queridos amigos, quero dedicar este poema aos meus avós que, quando faleceram me deixaram assim, «perdida» e com a «alma de luto». Florbela também já não está entre nós, como já sabem, mas deixou a sua poesia que ainda encanta muita gente, inclusivamente vocês, que também gostam de a ler. Sabem, na vida também há momentos tristes e não muito agradáveis, mas também eles fazem parte de nós.
Uma palavra de solidariedade para todos os que perderam alguém de quem gostavam muito.

Horas Mortas



Árvores do Alentejo


Horas mortas... curvadas aos pés do Monte
A planície é um brasido... e, torturadas,
As árvores sangrentas, revoltadas,
Gritam a Deus a bênção duma fonte!

E quando, manhã alta, o sol postonte
A oiro a giesta, a arder, pelas estradas,
Esfíngicas, recortam desgrenhadas
Os trágicos perfis no horizonte!

Árvores! Corações, almas que choram,
Almas iguais à minha, almas que imploram
Em vão remédio para tanta mágoa!

Árvores! Não choreis! Olhai e vede:
-Também ando a gritar, morta de sede,
Pedindo a Deus a minha gota de água!

O mar






Vozes Do Mar


Quando o sol vai caindo sobre as águas
Num nervoso delíquio d’oiro intenso,
Donde vem essa voz cheia de mágoas
Com que falas à terra, ó mar imenso?...

Tu falas de festins, e cavalgadas
De cavaleiros errantes ao luar?
Falas de caravelas encantadas
Que dormem em teu seio a soluçar?

Tens cantos d'epopeias?Tens anseios
D'amarguras? Tu tens também receios,
Ó mar cheio de esperança e majestade?!

Donde vem essa voz, ó mar amigo?...
... Talvez a voz do Portugal antigo,
Chamando por Camões numa saudade!

Florbela adorava Chopin. Experimenta ler o poema ao som de Nocturno de Chopin. Vais gostar.

Chopin
Não se acende hoje a luz... Todo o luar
Fique lá fora. Bem aparecidas
As estrelas miudinhas, dando no ar
As voltas dum cordão de margaridas!

Entram falenas meio entontecidas...
Lusco-fusco...um morcego a palpitar
Passa...torna a passar...torna a passar...
As coisas têm o ar de adormecidas...

Mansinho...Roça os dedos plo teclado,
No vago arfar que tudo alteia e doira,
Alma, Sacrário de almas, meu Amado!

E, enquanto o piano a doce queixa exala,
Divina e triste, a grande sombra loira
Vem para mim da escuridão da sala...


quarta-feira, 12 de março de 2008

segunda-feira, 3 de março de 2008

E depois não digam que eles não falam!



Conheço muito boa gente que adopta este olhar quando faz asneira, e da boa!

Olhares



Olhar altivo de quem nada deve na vida. Estou por cima dos vossos problemas !

Olhares -



Deve ser o pior castigo!!Que olhar suplicante.

Porque hoje estou bem disposta...

Porque ainda há imagens que me fazem rir