segunda-feira, 31 de março de 2008

Estudo dos Poetas do século XX - Florbela Espanca



Eu ...


Eu sou a que no mundo anda perdida,
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do Sonho, e desta sorte
Sou a crucificada ... a dolorida ...

Sombra de névoa ténue e esvaecida,
E que o destino amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre incompreendida!...

Sou aquela que passa e ninguém vê...
Sou a que chamam triste sem o ser...
Sou a que chora sem saber porquê...

Sou talvez a visão que Alguém sonhou,
Alguém que veio ao mundo pra me ver,
E que nunca na vida me encontrou


Queridos amigos, quero dedicar este poema aos meus avós que, quando faleceram me deixaram assim, «perdida» e com a «alma de luto». Florbela também já não está entre nós, como já sabem, mas deixou a sua poesia que ainda encanta muita gente, inclusivamente vocês, que também gostam de a ler. Sabem, na vida também há momentos tristes e não muito agradáveis, mas também eles fazem parte de nós.
Uma palavra de solidariedade para todos os que perderam alguém de quem gostavam muito.

3 comentários:

Carolina disse...

Dos quatro poemas de Florbela Espanca que a professora colocou no blog o que mais gostei foi este.
Acho que tem um significado e uma dedicatória especial.
Fala sobre a sua dor e saudade por alguém que ela tenha perdido, ou seja acho que tudo o que ela sentia no momento foi o que pôs no papel ao escrever este poema.
Gostei mesmo muito.


Beijinhos *
Carolina - 10ºF

prof.essa disse...

Olá Carolina,
ainda bem que gostaste do poema.E que tal continuar a descobrir a poesia de Florbela Espanca?
Bjs

Unknown disse...

Este poema foi aquele que mais gostei pois falanos da tristeza/revolta que Florbela Espanca sentia em relação a vida.
Poema excelente mesmo, que nso deixa a pensar...

Bruno Monteiro - 10ºF