sábado, 1 de janeiro de 2011

Depressão pós pausa lectiva

Aí vem ela, a depressão pós pausa lectiva. Ocorre em todas as pausas, pelo menos comigo é quase sistemática. Assim que se aproxima o seu fim, começa a angústia, o constante adiar do inevitável: AULAS, AULAS E MAIS AULAS.
Pois, eu sei que vivo das AULAS, sem as AULAS fico deprimida, mas voltar é sempre horrível e voltar em 2011,ainda mais deprimente.
Imagino-me a não conseguir dormir amanhã com o stresse de não acordar a horas, a insónia de véspera e o dia horroroso que vou ter a preparar as AULAS DE SEGUNDA.Não necessariamente nesta ordem, claro.
Penso que este sentimento de quase rejeição também é comum a muitos docentes. Conheço algumas colegas que já estão hoje, ainda sábado, muito stressadas com a reunião de nível, a marcação dos testes ou a confirmação das visitas de estudo... Eu, em todas as pausas, fico assim, mas esta está a ser a mais difícil. Porquê? Basta andar minimamente actualizada, ler os blogs certos e deprimir. Quem se preocupa com a depressão dos docentes? Bah, ninguém se preocupa com os profs, somos completamente descartáveis, substituídos,etc, mas o que me preocupa também é que dar aulas não consiste em despejar matéria, ligar o quadro interactivo e mandar copiar, pôr um videozeco e mandar fazer uns exercícios, enganem-se os tolos que nos desvalorizam. Ensinar é antes de mais estar predisposto para comunicar, interagir, provocar o pensamento e o espírito crítico dos nossos alunos, motivá-los para a aprendizagem, levá-los ao conhecimento. Como conseguirei eu, prof. desmotivada e deprimida, na segunda, operar o milagre da transformação e entrar sorridente(quando só apetece chorar/praguejar)e voltar a interessar-me por cada um e por todos?
Levar esta missão até ao fim é trabalho cada vez mais árduo e deprimente.Cada vez mais encontro colegas que saem do sistema mais cedo com reforma antecipada.Ah, como as invejo! Cada vez há mais colegas que não aguentam a depressão e ficam em casa de testado médico. Ah, como eu temo este destino que, na falta de outra solução, me parece o mais certo.
Depressões à parte, vou tentar animar-me com o filme «Anjos e Demónios» que vai dar já a seguir. Como gostei do livro, tenho interesse em ver o filme, mas só não sei se vou conseguir não adormecer durante os longos intervalos com os quais tentam torturar os nossos pobres cérebros...Até quando nos tentamos divertir, senhores, até aqui!!